domingo, 30 de janeiro de 2011

Oficina: Construa com bambu!



Piedade, 30 de janeiro de 2011

Nossa tarefa de hoje fugiu a qualquer programação. Em mutirão do dia anterior (29/01/2011) em que retomaríamos a construção do Urinol tivemos que furtar-nos de tal escopo, pois ainda suamos na labuta cujo propósito é a instalação da internet com antena adaptada ao modem 3G. Infelizmente nossos esforços acumulados de dias (que depois poderão ser narrados como “A epopéia da Internet na Sede”) ainda não foram exitosos. Contudo, deste dia sim, ontem especulamos que talvez pudéssemos armar uma estrutura de bambu cujas prateleiras seriam aproveitadas de uma velha geladeira, não obstante nada agendamos ontem e por isso não anunciamos mutirão ou oficina para trabalhar ou criar objetos com bambu. Ad Hoc hoje não apenas armamos o esqueleto como finalizamos a construção da prateleira estruturada de bambu com prateleiras reutilizadas.
O processo inciara-se logo cedo, por volta das 7:30 da manhã Mário recebeu uma ligação de Ricardo dizendo do intuito. Destarte o rumo seguido foi o da sede do IPD TAIPAL. Ao passar das 08:30 hrs já tínhamos cerrados quatro bambus verdes num bambuzal próximo à TAIPAL. Isto feito limpamos e cortamos os pedaços nas medidas projetadas para a prateleira, por conseguinte queimamos todos os componentes da estrutura com maçarico de modo que o “verniz” verde saísse e “cedesse” brilho ao acabamento à guisa de bambu maduro ou com tonalidade próxima do marrom. Após este “tratamento” tivemos a passagem de Eugênio e seu filho Cauê que não puderam ficar mais tempo devido a outro compromisso. De sorte que inesperadamente e com muita salva chega Rodolfo por volta de 13:00 hrs. Nos ajudou a montar e terminar a prateleira que fora construída não apenas para reaproveitarmos peças metálicas que seriam jogadas mas também para que pudéssemos por em prática uma técnica de nó, transmitida por Milcíades, Bioconstrutor e Colaborador do Permacultor e Professor de Bioarquitetura Guilermo Gayo do “Centro de Referencia De Permacultura: Takuara Renda, El mundo Del bambu” http://www.takuararenda.org/index.php. Mário Miyojim denomina esta técnica de nó que ele e Eugênio aprenderam no Paraguai de “nó de Milcíades” simplesmente porque tal técnica fora transmitida a eles pelo seu inventor, Milcíades, parceiro de Guilhermo Gayo. Com este nó, o “nó de Milcíades” acrescidas de algumas cravilhas de bambu, isto é, tecnologia que prescinde de pregos e arames não apenas alcançamos nosso desiderato em reaproveitar material ordinariamente tido como sucata mas também nos instrumentalizamos de técnicas que solapam as convencionais que além de gerarem mais custos também impactam nocivamente a Natureza, isto é, podemos construir móveis sem dependermos das indústrias que lucram EM DEMASIA com a fabricação de apetrechos que seguindo os ensinamentos da bioconstrução são absolutamente ultrapassados.

Ricardo Pereira da Silva

PS. As fotos desta oficina também estão no grupo IPD-TAIPAL.Em fotos procurem o álbum "Oficina: Construa com bambu!".


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mutirão para reorganização administrativa e de comunicação do IPD TAIPAL

Neste domingo, dia vinte e três de janeiro do ano de dois mil e onze, Mário, Ricardo e Rodolfo se mobilizaram para realizar duas tarefas:

a) Abrir um novo grupo social na internet
b) Tentar descontinuar o grupo_taipal que habitava o Yahoo
Iniciamos com a tentativa de criar um grupo no Google. Depois de tudo feito, fomos informados pelo Google, que por enquanto não é possível carregar arquivos. Isto anulou nosso esforço.
Devido a este problema tivemos que criar outro grupo, novamente no Yahoo, o grupo ipd-taipal.
Isto feito, tivemos que lançar todos os arquivos do antigo, grupo_taipal, para o novo grupo. Trabalho que demorou horas a fio, que nós suportamos valentemente. Comunicamos então que a diretoria atual do IPD TAIPAL não se comunica mais pelo grupo_taipal, mas sim pelo novo grupo ipd-taipal do Yahoo (http://br.groups.yahoo.com/group/ipd-taipal/). A mudança é de extrema importância porque o grupo_taipal tinha restrições de uso, o que não era satisfatório para a nova diretoria.
Nesse domingo mesmo encaminhamos convites para as pessoas que antes estavam no grupo_taipal. Depois, por razões técnicas e administrativas, repetimos os convites. Quem quiser fazer parte deste canal de comunicação do IPD TAIPAL visite o link supra citado.

Ricardo Pereira da Silva & Mário Miyojim

domingo, 23 de janeiro de 2011

Quarto Mutirão para construção do Urinol de Barro

- Quinta oficina, gestão: biênio doze de dezembro de dois mil e dez a doze de dezembro de dois mil e doze


Hoje ─ dia vinte e dois de janeiro de dois mil e onze ─ reunimo-nos novamente para a construção do Urinol de barro. Nesta etapa conseguimos cobrir com barro todo o esqueleto do urinol. Já preparamos o vaso sanitário para a adaptação do mesmo ao piso da edificação. Nesta empreitada Eugênio, Ricardo e Mário além dos trabalhos na sede, também finalizaram a carta de convocação aos sócios e possíveis novos associados, deste modo, o trabalho fora feito com pensamentos otimistas de que conseguiremos expandir nosso quadro. No Próximo Mutirão teremos condições de fazer o revestimento externo e interno com solo-cimento. Assim àquelas que dantes não iam à sede por falta de mictório solicitamos que não mais se acanhem.

Ricardo Pereira da Silva

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Terceiro Mutirão para a continuidade da Construção do Urinol de Barro e algumas reflexões

- Quarta Oficina da gestão responsável pelo biênio

Dia quinze de janeiro de dois mil e onze, o dia já começou bem “movimentado”, logo pela manhã já muitos lugares a ir, muitas coisas a se fazer. Destaque para Eugênio e seu projeto da estrada da ong, Ricardo e seu manifesto e a dificuldade para se acertar o orçamento da Ong.
Quando chegamos na sede da Taipal a intenção do trabalho voluntário era uma, a de dar continuidade a construção do urinol de barro, mas descobrimos outras prioridades, o que para mim acabou sendo muito positivo, pois pude conhecer todo o sistema de abastecimento da Taipal, chegando até a pequena queda d’água. O primeiro trabalho feito foi seguir a mangueira por seu percurso, desde a caixa d’água até a nascente, em busca de algo que poderia estar impedindo a chegada da água na torneira, depois de andarmos por um caminho nada convencional o problema foi encontrado, trabalhamos nele e o mesmo foi solucionado.
As fortes chuvas afetaram a bomba carneiro, causando outro problema, então mais uma vez o famoso termo de ‘amassar barro’ pode por nós ser utilizado, dessa vez o problema parecia fácil, mas acabou sendo bem trabalhoso, pela situação que o lugar se encontrava e também pela tentativa de um serviço muito bem feito, já pensando preventivamente, para que o mesmo problema não volte a acontecer.
Mas durante todo esse tempo de trabalho, desde manhã até a tarde, também pudemos falar sobre muitos assuntos, aprendemos com seu Mário um pouco mais sobre o Dell, e sobre a biografia de seu Mário também. Eu, Ricardo e Eugênio também pudemos falar sobre muita coisa, desde livros, autores, documentários e teorias, até o cotidiano, projetos, idéias, sobre o futuro da Taipal, dentre muitos outros assuntos.
Poderia eu aqui falar sobre as botas, sobre o bom almoço, sobre a qualidade das lonas (rsrsrsr), mas como o meu intuito é descrever resumidamente as principais atividades do dia, estaria fugindo do assunto.

Paulo Vitor

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Abuela Grillo

Eu Mariangela tive a oportunidade de conhecer na oficina Um retrato das bacias Hidrográficas Sorocaba e Médio Tietê essa lenda Boliviana que se sabe muito pouco, mas que diz muito.
Hoje nossa parceira Mariana me lembrou desse vídeo e venho aqui para dividir um pouco com vocês.
É emocionante!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Segundo Mutirão para a continuidade da Construção do Urinol de Barro e algumas reflexões

Segundo Mutirão para a continuidade da Construção do Urinol de Barro e algumas reflexões

- Terceira Oficina da gestão responsável pelo biênio 12/12/2010-12/12/2012

Hoje, dia oito do mês de janeiro de dois mil e onze, continuamos a construção do urinol de barro da sede da TAIPAL. Cremos que com mais dois mutirões terminaremos a tarefa e, portanto, nosso sistema sanitário ecologicamente sustentável estará completo. A forma como estamos construindo o urinol já foi explicado alhures. A diferença é que dessa vez ocorreu uma mudança substancial, ou seja, mais pessoas participaram do mutirão. Começamos de manhã cedo e fomos até o meio da tarde, nesse ínterim ocorreu algo importantíssimo, trocamos conhecimentos. Todos os presentes (Ricardo, Eugênio, Oswaldo, André, Mariana e Mário) passamos o dia dando continuidade à construção do urinol e também se conhecendo e compartilhando conhecimentos, a princípio vivências, e se conseguirmos sedimentar colaborações ostensiva e intensivamente poderemos dizer que daqui algum tempo não apenas trocaremos vivências e sim experiências. Hoje nos debruçamos sobre vários conhecimentos oriundos das Ciências Sociais, sobretudo sobre a Cultura Caipira, debatemos sobre o que é o Capital e quais alternativas podemos construir que se encaixem no contra-fluxo da ordem, visto que a irracionalidade legitima-se pela superestrutura, instituições políticas e jurídicas. Digo isto porque vislumbramos e almejamos que a TAIPAL se transforme também numa Ecovila.

Se isso se concretizar ai poderemos dizer que estaremos trocando experiências. Há diferença entre vivência e experiência. Para o grande filósofo alemão Walter Benjamin, “Erfahrung” é a experiência transmitida, que se perpetua através da narrativa de uma geração para a outra. Ela seria típica das sociedades tradicionais, assentada no sentido comum da vontade substancial compartilhada pelos membros da comunidade sendo a “Erlebnis” a experiência vivenciada, vivida de forma individual (ela é marcada pela fragilidade, efemeridade e volatilidade), olhemos ao redor e vermos como ela está presente, por exemplo, a moeda de troca (dinheiro) é a mediação de relações impessoais, voláteis. Ela é típica da modernidade, da vida urbana. Para Benjamin, a modernidade é caracterizada pelo declínio da “Erfahrung” e pela contínua presença da ”Erlebnis”. Caso consigamos transformar a TAIPAL numa Ecovila, poderemos transmitir experiências (conhecimentos) e até mesmo mudar a moeda de troca. Isto pode parecer utópico, entretanto como nos diz o importante pensador uruguaio Eduardo Galeano, a utopia existe para continuarmos caminhando. Além do mais na obra “A Revolução Urbana” de outro grande filósofo, o francês Henri Lefevbre ao tentar responder a seguinte indagação: o que vem depois da industrialização, qual é a realidade social que nasce da industrialização e a sucede? Lefebvre corrobora nossa argumentação e nosso objetivo com o projeto de Ecovila.

Para tentar responder a esta indagação Lefebvre levanta uma hipótese que é a “urbanização completa da sociedade”, esta hipótese implica numa definição que é a “Sociedade Urbana”, por enquanto virtual, não como realização plena, mas como processo ainda em gestação. Deste modo vivemos no transe (lembremos que Lefebvre estava pensando a sociedade ocidental na década de 1970) ou o movimento que poderá chegar até a “Sociedade Urbana” e que neste transe estamos inseridos numa outra fase do eixo espaço-temporal que descreve o “fenômeno urbano”, isto é, após a cidade industrial vem a “zona crítica”, na qual estamos submersos e que também pode ser chamada de “Sociedade Burocrática de Consumo Dirigido”.

Com isto Lefebvre quer nos dizer que ainda não existe “Sociedade Urbana” ou “realidade urbana”, o Autor está propondo uma nova metodologia e epistemologia, propõe uma nova teoria sobre o conhecimento da realidade urbana, do espaço urbano (a cidade), do tecido urbano e da prática (práxis) urbana ou “Revolução Urbana”. Por isso a “sociedade urbana” configura uma virtualidade e sua hipótese de conhecimento que é a “urbanização completa da sociedade” é perfeitamente possível enquanto objeto de conhecimento. Por que associados à indução e a dedução Lefebvre em seu objeto de pesquisa lança mão de uma outra operação de pesquisa que é a “transdução”, isto é, a reflexão sobre um objeto possível, virtual, não realizado mas inscrito no “real”. É, portanto,uma crítica u - tópica, pois toma distância em relação ao “real”, sem, por isso, perdê-lo de vista. Isto é, estamos por hora nos empoderando de uma operação de pesquisa, dizer que a TAIPAL pode se transformar numa Ecovila implica dizer que isso é possível, estamos refletindo sobre um objeto possível. Essas reflexões o mutirão de hoje me suscitaram e tenho certeza que Eugênio, Mariana, Oswaldo, André e Mário também tiveram as suas.

Ricardo Pereira da Silva

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Nota 1.

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Atenciosamente Mariangela Cesar Lomanto.

Primeira Oficina coordenada pela nova diretoria







Capacitação para Projetar e Construir Luminárias a DEL

No dia 19 de dezembro de 2010, realizou-se a primeira oficina sob a nova gestão do IPD Taipal. Aquele evento se reveste de significativa importância, porque foi um passo histórico da tecnologia de iluminação. Nas quatro horas dedicadas a este treinamento, os participantes montaram um farolete simplificado (com as pilhas e conexões eléàmostra), cada um para si. Foi feita tambéa demonstraçãda montagem rudimentar de uma lumináde maior potê, para ser instalada na lateral externa da sede do IPD Taipal.

O diodo emissor de luz (DEL) branca foi uma das mais promissoras e convenientes invenções do século vinte, porque fornece a melhor transdução de energia elétrica em luz fisicamente possível. O DEL é um diodo eletrônico semicondutor sólido, com a propriedade de produzir luz intensa de espectro completo, com uma eficiência que supera a marca de 130 lumens/watt. Compare-se isso com a eficiência da lâmpada incandescente, da ordem de 12 lumens/watt. As lâmpadas fluorescentes fornecem da ordem de 70 lumens/watt, mas requerem energia adicional que é consumida no reator e no filamento para manter o mercúrio vaporizado. Como o DEL requer uma mínima corrente, então um condutor delgado é suficiente. Somente os DELs de potência necessitam de um condutor de maior tamanho, mas não tanto quanto uma lâmpada incandescente ou fluorescente.

Devido ao alto consumo, as lâmpadas incandescentes sem atmosfera especial (vapor de mercurio, sódio, xenônio etc.) serão proibidas de fabricar a partir de 2012. Além de iluminar, os DELs especiais coloridos e tricolores permitem produzir obras de arte, painéis decorativos luminosos e até mesmo telas de televisão, cinema e computador. Em 2009 a indústria de DELs movimentou da ordem de 16 bilhões de dólares americanos. Podemos prever o fim das lâmpadas convencionais antes de 2015. Assim sendo, agora é a hora das pessoas industriosas aprenderem a fazer lanternas e luminárias com DELs, pois doravante estes serão um meio digno e seguro de ganhar a vida.


Mário Miyojim

Ato de Utilidade Pública do IPD Taipal

No dia 3 de janeiro de 2011, segunda-feira, o IPD Taipal realizou um ato social relevante. Embora o investimento de tempo, energia e dinheiro tenha sido modesto, as conseqüências desse ato nos encheram de justa satisfação.

A família de onze pessoas que habita um lote que dista cerca de 160 metros da sede do IPD Taipal, lote 18 quadra M de Alpes de Piedade, tinha estado quase três semanas sem água, porque a bomba elétrica que extraía água tinha-se queimado, provavelmente devido a sobrecarga mecânica. O que nos sensibilizou foi o fato de esse período ter correspondido aos festejos de Natal e Ano Novo, em que a maior parte da sociedade temporariamente tem extraordinaria fartura material e alimentar.

Uma vez tomada a decisão, a execução foi simples, tendo nos tomado em torno de três horas, menos de R$150, um pequeno esforço para instalar, de modo que a satisfação de verificar que tudo funcionava foi incomensuravelmente maior que os recursos investidos. Pelo que já aprendemos da sabedoria, este evento vai ainda nos trazer muitas serendipidades durante o ano de 2011 e mesmo depois. Verificamos também que o serviço de assistência social da Prefeitura não está aparelhado para prestar este tipo de suporte aos necessitados. Quase todos os membros do poder público imaginam que não é possível fazer melhor que já fazem, e ingenuamente acham que o povo de Piedade não passa por necessidades agudas e crônicas.

Mário Myojim, Ricardo Pereira da Silva, Eugênio B. da Paixão, Oswaldo Rolim Júnior e Bruno Netto

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Continuidade da Construção do Urinol de Barro

Piedade, primeiro de janeiro de dois mil e onze

Segunda oficina sob nova gestão, eleita no dia doze do mês de dezembro de dois mil e dez:

Continuidade da Construção do Urinol de Barro

Com a difusão da economia mercantil burguesa,

o horizonte sombrio do mito é aclarado pelo sol

da razão calculadora, sob cujos raios gelados

amadurece a sementeira da nova barbárie

(ADORNO,T & HORKHEIMER,M)

Hoje retomamos a construção do urinol, esta oficina foi anunciada através do convite de Mutirão feito por Eugênio no dia trinta do mês de dezembro de dois mil e dez. Neste dia utilizamos a técnica de construção de parede modelado à guisa das construções de Taipa. Antes nivelamos a superfície interna do urinol, de modo que as pessoas possam adentrá-lo de forma mais confortável, evitando assim que tenham que arquear muito. Feito este primeiro trabalho de remoção de terra fomos à segunda etapa do trabalho, que consistiu em separarmos terra do morrinho que tangencia a estrada de fronte à sede da TAIPAL. Retiramos a terra, peneiramos e a colocamos em cima de uma lona, posteriormente introduzimos água e começamos a pisar no barro e fazer a massa. A medida que a massa de barro ia ganhando consistência fomos adicionando feixes de capim (liga) que deram mais força à massa, esta técnica é conhecida como cob. Ao todo conseguimos fazer cinco massas de barro cuja medida pode ser calculada em mais ou menos dez pás de terra por massa. A terceira etapa consistiu em moldá-la na estrutura (entrelaçada de cipó, bambu, ferro e sobras de malha de aço) do urinol. Com as mãos fomos pari passu preenchendo os espaços com a massa de barro. Quiça fizemos uns 20% do que ainda falta para a cobertura completa do Urinol. No próximo mutirão certamente mais barro moldarão nossos pés.


Conseqüências sociais do mutirão

Fora o trabalho com o barro, neste mesmo dia outro acontecimento nos suscitou uma iniciativa que se coaduna ao Estatuto da TAIPAL, isto é, além de ambiental nossa entidade têm caráter social. Neste dia nos deparamos com nossos pequenos vizinhos, Murilo, Willian, Vanessa e outras crianças. Eles apareceram na sede da ONG com suas garrafas pets e olhares resignados, com o objetivo de enchê-las da água de nossa cisterna. Reparamos que os pequenos estavam muito sujos. Quando lhes indagamos o porquê da falta de asseio a resposta que ouvimos deu-nos um nó na garganta: “Há dias que estamos sem água porque a bomba do poço queimou”. Diante de tal resposta não pudemos deixar de refletir sobre a situação deles e a falsa realidade de bem estar (tempo de festas, de presentes, ou melhor, tempo de aquecimento dos mercados, isto não se fala!) que tentam nos empurrar (principalmente pela indústria cultural) neste espaço temporal (Natal e Réveillon) específico do final e início de cada ano. Somado a isso a situação dessas crianças nos colocou outra questão: a da mentira que sistematicamente nos entopem os tímpanos quando dizem que somos iguais perante a lei na “Democracia" Liberal Burguesa (Estado de Direito). Seguindo a mesma latrina também nos empurram outra mistificação. Segundo a qual exercemos nossa cidadania através de nosso direito político (que ainda dizem que é direto) que é o voto direto que para nós é indireto. Bom, referimo-nos a isso porque ao olhar para aqueles meninos sem direitos é a cidadania inconclusa no Brasil que está em jogo. Simplesmente porque cidadania, mesmo para o Estado Liberal Burguês, deve contemplar direitos: políticos, civis, sociais, econômicos, culturais e (hoje) também ambientais. Por isso hodiernamente urge-se a importância de pensar e executar a reforma do Judiciário. Pensá-lo criticamente pressupõem concebê-lo como construção política que aqui no Brasil serve para manter a estrutura de Poder (via legitimação jurídica e política do Estado) das elites extremamente reacionárias de Bruzunganda. Assim, Fábio Konder Comparato escreveu uma obra genial para pensar o Direito (enfatiza os direitos humanos) que é "Construção Histórica dos Direitos Humanos"; a socióloga Maria Victória Benevides também pensa criticamente o Direito. Se dispuséssemos de um grupo de estudiosos (um dos objetivos da nova diretoria) nossa entidade poderia inclinar e fazer um rigoroso estudo de sociologia crítica do Direito a partir de suas disposições filosóficas positivistas e como isso configurou no Brasil uma República falaciosa. Mais interessante ainda, pensá-lo assim significada atrelá-lo a uma escalada de construção política, só isso já desmistifica sua áurea "democrática" que usa o slogan (retórica jurídica) de que a lei é igual para todos. Mormente propagada pelos jusnaturalistas (positivistas) que acreditam e professam que o Direito é a manifestação imanente da nossa própria condição humana (ou também reflexo de disposições consuetudinárias, outro embuste, se assim o fosse o aborto já estaria legalizado há muito tempo), isto é, o direito é naturalizado e não considerado como construção política, com isso se evita a politização dos conflitos sociais. Ainda dentro desta acepção há mais um ponto difícil de engolir, esses juristas (que são maioria) positivistas também afirmam que não existem direitos fora do Estado. Vejam bem o disparate! Portanto dentro de um Estado de Exceção as maiores atrocidades cometidas contra a pessoa humana podem ser cometidos por serem legais. Isto é, dizer que não existe direito fora do Estado é uma maneira repugnante de asseverar a manutenção da ordem e da Estrutura de Poder no interior do Estado, mesmo que ele seja violador de direitos, negue e não protega os direitos de cidadania (garantia de direitos básicos como alimentação, moradia, emprego etc...). Por exemplo, vejam como o Estado e a sociedade brasileiros (que são patrimonialistas) tratam as pessoas pobres (massacradas histórica e sociologicamente pelas nossas estruturas jurídicas e políticas que são resultantes de uma instituição que durou mais de trezentos anos, a escravidão). Se alguém for pego "roubando" (quem rouba de quem?) uma lata de margarina no supermercado, ele será preso e exposto a condições inumanas dentro dos nossos presídios que não são diferentes dos antigos navios negreiros e das masmorras medievais. Isso é um absurdo, essas pessoas serão tratadas como entes antrozes porque são pobres e porque o nosso Direito tem como fundamento defender a propriedade privada e não a pessoa humana. A TAIPAL enquanto sociedade civil organizada poderia focar e pensar criticamente a necessária Reforma do Judiciário. O sociólogo, filósofo e cientista político Luiz Eduardo Soares é um estudioso sobre essas questões. Outro exemplo é o movimento pelos Direitos Humanos que é uma demanda que vem de fora do Estado, só isso derruba o discurso positivista do Direito, que só existe direito dentro do Estado. Quando nosso grupo de estudos sociológicos estiver mais coeso podemos estudar o filósofo Agamben para pensar sobre essas questões. Mas já recomendamos os sociólogos, filósofos e epistemólogos da chamada Escola de Frankfurt, principalmente MARCUSE, BENJAMIN, ADORNO, HORKHEIMER e KRACAUER. No Brasil além dos já citados Luiz Eduardo Soares, Comparato e Benevides, podemos escrutinar por Guerreiros Ramos, Florestan Fernandes, Vera Malaguti Batista, Nilo Batista e Paulo Eduardo Arantes. Nos referimos a tudo isso porque a situação dos vizinhos da TAIPAL trata-se de um exemplo a olhos vistos de cidadania inconclusa (referência a José Murilo de Carvalho) e da necessária Reforma do Judiciário (pois sua não consecução criminaliza a miséria) e cabe a nós tentar entender o porquê de sua não realização (certamente porque suas conseqüências políticas e sociológicas, isto é, abertura concreta a mais democracia ─ abertura que nossas elites não vão permitir via instituição, isto é, tal reforma só é possível pela pressão popular. Simplesmente porque nossas instituições jurídicas e políticas servem para manter a Estrutura de Poder). Por isso fazemos aqui nossa Crítica ao Direito como construção histórica, sociológica e política, além de mantenedora da estrutura de poder no Brasil e não como instituição que garanta a liberdade e igualdade dos indivíduos perante a lei, como define a Constituição. Olhando para aqueles garotos o principal questionamento que nos veio foi: olha a dialética aqui, estampada na nossa cara, neste momento várias pessoas estão se fartando em mesas abundantes comemorando o ano novo. Desde quando passamos a refletir não entendemos o que se comemora, que convenção social mais estapafúrdia essa de comemorar um ano que se acaba, principalmente por ele carrega atos atrozes contra a humanidade. É isto que comemora-se? Por isso uma das propostas mais atrativas para o recomeço dos trabalhos da TAIPAL é nos debruçarmos sobre o calendário Maya e gradativamente nos livrarmos do calendário gregoriano, linear que esta distante dos ciclos naturais, só isso já demonstra a falta de sentido em comemorar um ano que começa pois este tempo está desalinhado aos ciclos naturais, fora o fato de não termos nada o que comemorar enquanto milhões de compatriotas perecerem de fome em berço esplêndido. Diante de tal situação insustentável e indigna sobretudo para crianças, ou seja, o não acesso a água somado ao descaso da assistência municipal (seja porque esta família não têm assistência social, seja porque não há saneamento adequado em sua casa, ou porque a via de acesso está em péssimas condições, além de terem que queimar o lixo doméstico porque não há coleta de lixo no local) em assistir esta família que passa por severas dificuldades, não hesitamos e entre nós, como alguns puderam acompanhar nas mensagens do grupo taipal, compramos e instalamos de imediato uma bomba (no dia três do mês de janeiro de dois mil e onze) e resolvemos o problema mais imediato. Destarte as onze pessoas que vivem neste lugar ao menos poderão tomar banho. Quando estivermos mais equipados e com mais capital intelectual, criacional e instrumental poderemos espraiar nosso sistema de bomba carneiro aos vizinhos da sede da TAIPAL e expandir esse sistema absolutamente viável e sustentável para demais famílias. Além disso, podemos trabalhar as técnicas de permacultura, mas isso demanda tempo e quando estivermos prontos não vacilaremos.

Ricardo Pereira da Silva e Eugênio B. da Paixão