terça-feira, 26 de julho de 2011

Curso de Manejo e Aproveitamento Sustentável do Bambu

Nos dias 22, 23 e 24 de julho realizamos esse curso, que sonhávamos em fazer desde 2009. Foi o primeiro evento dessa natureza que conseguimos conduzir desde a construção da sede do IPD Taipal. Aprendemos uma porção de coisas colaterais antes e durante o evento. Trinta pessoas constam da lista de participantes preparada pela Michele Dall´Oglio. Gayo nos apresentou idéias, fatos e imagens que descrevem as motivações de sua Takuara Rendá no Paraguai e suas atividades de seus
últimos 12 anos, e que transmitiram aos participantes uma base sócio-política para canalizar nosso tempo e energia neste mundo diversificado. Visitamos uma touceira de Dendrocalamus e um campo de Phyllostachys Aurea. Construímos uma estrutura de vigas recíprocas para cobertura feita de 42 vigas de Tuldoides de 1,30 m de comprimento, resultando numa cobertura de 5,50 de diâmetro. Vários participantes aprenderam a dar o nó de Milcíades, que permite amarrar com firmeza varas de bambu com fios de poliamida, substituindo com vantagem pregos e parafusos. Vimos como se faz a cisão com segurança das raízes para preparar mudas de Guadua Chacoensis. Os participantes tomaram conhecimento das instalações da Taipal: o bason (banheiro seco), o urinol no estilo joão-de-barro, a edificação com teto vivo sustentado por bambu, o depósito de bambu feito inteiramente de Phyllostachys, duas cisternas de ferro-cimento para água, a bomba-carneiro de plástico, a escada de 3 m com 3 kg de peso, e uma porção de luminárias com diodos emissores de luz (DELs). O próprio Gayo decidiu iluminar Takuara Rendá com DELs, e planeja utilizar o projeto publicado no ipdtaipal.blogspot.com.
Durante o curso, houve sugestões de novos cursos específicos, tais como fazer a escada e luminárias a DELs. Fiquem de olho que anunciaremos neste blog cursos de um dia para tais assuntos.

Algumas pessoas fizeram críticas ao modo em que Guillermo Gayo conduziu o curso. Disseram que não foi cumprido o objetivo do cartaz de construir a cozinha comunitária com bambu, e que os honorários do homem foram muito altos para o pouco que foi transmitido de conhecimento. O Artur de Oliveira Silva (Jundiaí, SP) sugeriu até que deveria ter exigido a devolução do dinheiro, metade de um salário mínimo, porque tinha sido enganado.

Esses críticos não entenderam o valor do que Guillermo transmitiu. Ele respondeu magistralmente, que a construção com bambu serve para a vida das pessoas e do planeta, não apenas um hobby de fim de semana. Que cada um sobrevivesse condignamente com estruturas simples de bambu, às quais iria acrescentando melhorias, conforme a necessidade, utilizando materiais que se tornassem disponíveis no tempo, mesmo que não houvesse dinheiro. Em oposição, as dependências de um banco são estéreis e fúteis. De fato, é difícil pensar num banco instalado numa edificação de bambu; talvez jamais tal acontecerá, porque os bancos estão em vias de extinção, haja vista a expansão do bitcoin que ora ocorre no mundo. As pessoas que esperavam que se seguisse um cronograma rígido de construção da cozinha comunitária sem as várias lições de sabedoria que ocorreram durante o curso, poderiam apenas inscrever-se nos nossos mutirões de fim de semana que regularmente convocamos. Esses mutirões não têm a profundidade de uma aula inspiradora de uma pessoa do porte de Guillermo Gayo, que teve que viajar 3.000 quilometros Paraguai-Brasil-Paraguai. A aula dele nos transporta para uma esfera que transcende o cotidiano, inspira criatividade e até mesmo transmite conhecimentos práticos.
Conhecimento se adquire de variadas fontes--livros, internet e pessoas com conhecimentos limitados--sabedoria, por sua vez, não é possível ensinar, cada um tem que adquirir a sua, catalizada por mestres como Guillermo. Os que não entenderam isso, desperdiçaram o seu dinheiro, mas não merecem que lhes seja devolvido o dinheiro, porque estão recebendo essa lição importante; aliás, deveriam ter pagado mais, pela oportunidade rara de aprender uma lição de vida. Se não estavam à altura de entender, então permanecerão na mediocridade um pouco mais, ou para o resto da vida, dependendo da sua capacidade de perceber. Os demais participantes estabeleceram conexões duradouras e adquiriram sabedoria, que é a única riqueza que compensa acumular; se estes pudessem, teriam pagado mais, sem sentir perda.
Aquela situação é comparável à de Jesus Cristo no sermão da montanha. Os que entenderam as parábolas de Cristo ficaram satisfeitos e não se importaram com a fome e a fadiga do longo tempo empregado em ouvir; ficaram embevecidos. O homem rico, entretanto, saiu decepcionado porque Cristo lhe disse para abandonar todos os seus bens materiais e seguir-lhe as idéias. O homem rico continuou a viver infeliz e ignorante no meio da esterilidade de suas posses.



Este evento não teria tido este sucesso se não fosse a colaboração das seguintes pessoas e entidades:
  • Águas Klarina
  • ETEC Piedade
  • Verduras Prestes
  • João de Alípio
  • Apiário Céu Azul
  • Vários associados da Taipal
  • Diva, dona da casa que alojou os participantes
  • Márcio Sakaguchi, fornecedor de bambus Dendrocalamus e Mossô
  • Fornecedor de bambus Tuldoides e Mossô (perto dos silos de cereais)
  • Fornecedor de bambus Phyllostachys Aurea (sítio São Benedito)
Perdoem-nos aqueles que esquecemos de mencionar.