A água da nossa fonte tinha-se interrompido após uma chuva. Eugênio e Mario percorreram os cerca de 100 metros de mangueira até a boca da mina, mas não acharam o ponto de interrupção da vazão. No caminho de volta, bem perto da cisterna que é o tanque primário da nossa bomba-carneiro, encontramos um estrangulamento da mangueira; corrigimo-la com talas de bambu e alguns nós-de-Milcíades. Aí o Eugênio verificou que uns esquilos tinham se aninhado na cobertura da cisterna. Removemos a tampa, esvaziamos a cisterna e, enquanto removíamos a areia acumulada no fundo, discutimos o que seria necessário para evitar que a areia do concreto da parede interna continuasse a separar-se; ao fazê-lo aumentava a porosidade da parede e a possibilidade de vazamentos. Tivemos uma epifania. Uma camada uniforme de cera de abelha seria capaz de impermeabilizar a parede e uniformizar a superfície. Mas a chama do maçarico poderia causar o escorrimento da cera, por causa da verticalidade da superfície. Resolvemos então experimentar, o método científico de desenvolvimento. Percebemos que não é necessária muita habilidade para amolecer a cera, fazê-la aderir à superfície vertical, e logo depois liqüefazê-la com o maçarico para produzir uma fina camada protetora.
Na foto pode-se observar as gotículas de água que demonstram a impermeabilidade da superfície de ferro-cimento da nossa cisterna primária. No tato, sentimos lisura e uniformidade, enquanto a parte não revestida é áspera e irregular.
Esta experiência abre uma larga porta para o uso da cera de abelha como um revestimento duradouro para qualquer tanque, construção, etc. que se possa imaginar. A cera de abelha, sendo um produto natural atóxico, com superfície lisa e homogênea, dá ao ambiente um acabamento agradável, duradouro, impermeável à água. E seu maior valor é o de não ser um derivado de petróleo, e que continuará a ser fabricado pelas abelhas enquanto elas existirem.